Almoster, 12 de julho de 2025 Toiros de Paulo Caetano e Gregório de Oliveira para João Moura Caetano, Marcelo Mendes e Mariana Avó. Forcados de Santarém e Aposento da Moita
Queridos amigos, Estava longe de pensar que o nosso Cabo me ia dar a missão de escrever esta crónica, pelo que peço desculpa por poder não ter presente todos os detalhes que devia. Confesso que depois da extraordinária época passada, na qual o Grupo, embora com poucas corridas, brilhou ao mais alto nível, somando por triunfos todas as atuações que teve, a maior parte delas em Praças de grande responsabilidade, e sendo por isso reconhecido com vários Prémios, incluindo os de maior prestígio, esperava que o nosso Grupo tivesse este ano uma temporada muito preenchida. Muito me entristece que assim não aconteça, apenas me consolando saber que grande parte deste ostracismo a que nos encontramos votados é o preço a pagar por mantermos uma postura exemplar e intransigente na defesa e dignificação daqueles que são os verdadeiros valores dos Forcados Amadores, valores dos quais somos fundadores e guardiões. Neste contexto é sempre uma alegria quando surge uma Corrida para o nosso Grupo e, nestes tempos complicados, essa alegria é até maior quando surgem corridas de menor responsabilidade, nas quais o nosso Cabo pode pôr a nossa rapaziada mais nova a começar a pegar sem o peso que tem de suportar quando se vê na incumbência de se estrear em praças de primeira, diante dos toiros que saem nessas praças, coisa que nos últimos anos se tem tornado habitual em face do reduzido número de corridas para as quais somos convidados, em especial para essas terras e praças onde há menos holofotes. Assim, foi com muita satisfação que vi anunciadas as corridas em Alvaiázere e em Almoster, tal como a de Vila Nova de Milfontes, sem que isso naturalmente reduza a pena, e até revolta, de não nos ver anunciados no Campo Pequeno, em Évora, em Vila Franca, no Cartaxo, em Almeirim, no Cartaxo, em Abiúl, na Figueira da Foz, em Arruda, na Moita, em Montemor, no Montijo, em Alcochete, etc., praças onde o Grupo de Santarém tem naturalmente lugar, não apenas pela sua história e pelo seu passado, mas também, ou até sobretudo, porque este Grupo de Santarém, constituído pelos elementos que agora se fardam, tem dado mostras consecutivas de brilhantismo, de valentia, de pundonor, de raça e de toreria, que qualquer bom aficionado valoriza e gosta de ver.
Depois deste longo introito (desculpem lá qualquer coisinha), vamos lá então à Corrida de Almoster. Os toiros anunciados, de Prieto de la Cal, do interessante, e muito apreciado, na minha família, encaste Verágua, acabaram por não vir, sendo substituídos por um curro muito desigual, de trapio e apresentação bastante justa, composto por 3 toiros de Gregório de Oliveira e 3 toiros de Paulo Caetano. Perante este cenário, o nosso Cabo fardou, obviamente, um Grupo muito jovem e deu várias oportunidades. Teve menos sorte o José Maria Gonçalves (um jovem que gosta muito do Grupo e que tem sabido esperar) a quem tocou um toiro muito fechado e de investida branda, que exigia uma capacidade de consentir que não era fácil para ninguém e ainda menos para alguém que está pouco pegado e, por isso, com pouco sítio. Nada de desanimar José Maria porque outras oportunidades certamente virão! Destacou-se nesta pega uma excelente primeira-ajuda do Vasco Seabra, que muito contribuiu para que a pega se concretizasse na terceira tentativa. Pegou o nosso segundo toiro o Miguel Fernandes. Era toiro a menos para a capacidade física que o Miguel demonstra e a pega revelou-se fácil, tendo como primeiro ajuda o “Espetinha” António Almeida. Sorri a pensar que os avós João Franco e José Dias de Almeida se devem ter divertido a ver esta ajuda lá na barreira do Céu à qual se chegaram para ver o seu Grupo de Santarém. Finalizou a nossa atuação o Vasco Salazar de Sousa, também à primeira tentativa e sem aparente dificuldade (sendo que meter-se à frente de um toiro tem sempre dificuldade!). Partilhámos cartel com o Aposento da Moita, também com muita juventude fardada. Termino relevando que o Grupo de Santarém apresentou uma falange de apoiantes muito significativa, que começava na nossa Madrinha e era composta por várias gerações. Não é por não irmos todos no mesmo autocarro e não nos sentarmos todos em grupo no mesmo setor, que o nosso Grupo não é sempre muito acompanhado, ao contrário do que pensam e dizem alguns empresários que por aí andam. Tenho de destacar em particular a minha geração, porque embora nos tenhamos retirado há mais de 15 anos, eramos aqueles que estávamos em maior número! Um grande abraço a todos! Pelo Grupo de Santarém, venha vinho! Venha vinho! Venha vinho!
Diogo Palha |